Os impactos do tecnopoder nas relações de trabalho em um cenário marcado pela indústria 4.0
Resumo
O presente artigo analisa os impactos do tecnopoder nas relações de trabalho na era da Indústria 4.0, empregando o conceito de "tecnopoder" introduzido pelo autor Echeverría, o qual caracteriza-se pela capacidade de modificar e dominar comportamentos por meio da vigilância tecnológica, influenciando profundamente as relações laborais. A transformação digital no ambiente de trabalho, potencializada pela Indústria 4.0, promove uma supervisão extensiva e um controle sobre os trabalhadores, ultrapassando os métodos tradicionais de supervisão e gestão. Este controle digital abrange desde a seleção de empregados até a avaliação de seu desempenho, frequentemente eliminando a necessidade de interação direta entre humanos. A integração de tecnologias como a inteligência artificial e big data nas práticas de recursos humanos permite não apenas um monitoramento constante, mas também a influência sobre a subjetividade dos trabalhadores, muitas vezes sem seu consentimento explícito. Essa dinâmica ressalta questões éticas significativas, especialmente em relação à privacidade, discriminação e os direitos à desconexão. O artigo propõe a necessidade de uma reinterpretação dos Direitos Humanos para abordar as novas realidades impostas pelo tecnopoder. Sugere-se uma regulamentação mais robusta e transparente que proteja os trabalhadores dentro deste novo paradigma, promovendo um equilíbrio entre os benefícios da automação e a preservação da dignidade humana.